Quando o nosso cão nos morde várias emoções e sentimentos se apoderam de nós.

Sentimo-nos quase que injustiçados pela “falta de gratidão” demonstrada. Afinal de contas, damos-lhe tanto carinho…brincamos tanto com ele…compramos-lhe tantos brinquedos…
A um nível subconsciente sentimos a nossa autoridade desafiada cada vez que somos mordidos, e daí ser tão comum a frase “não admito que algum cão meu me morda!”. 🤨☝️

Que tal tomarmos consciência do porquê que o nosso cão nos morde, em vez de defendermos a todo o custo a nossa “posição de líder da matilha” ou o punirmos por ser um “ingrato” ou um “desafiador”? 🤔 Mais difícil ainda, que tal tomarmos consciência que numa grande parte dos casos somos nós os causadores dos comportamentos agressivos dos nossos cães?

👇Olhemos para algumas situações que facilmente resultam numa dentada

  • 𝐒𝐞𝐦 𝐧𝐨𝐬 𝐚𝐩𝐞𝐫𝐜𝐞𝐛𝐞𝐫𝐦𝐨𝐬, 𝐬𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐯𝐚𝐬𝐢𝐯𝐨𝐬
    O nosso cão está a descansar 🐶💤 e resolvemos fazer-lhe festas. Como não sabemos reconhecer sinais subtis de stress (desviar o olhar, virar a cabeça, olhar-nos de lado, bocejar, lamber o nariz, por exemplo) insistimos. Num ápice, ele rosna, investe e morde👹. Neste cenário, o aviso foi dado; nós é que não o entendemos.
  • 𝐏𝐮𝐧𝐢𝐦𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫𝐪𝐮𝐞 é “𝐢𝐧𝐚𝐝𝐦𝐢𝐬𝐬í𝐯𝐞𝐥” 𝐨 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐜ã𝐨 𝐫𝐨𝐬𝐧𝐚𝐫-𝐧𝐨𝐬
    Rosnar faz parte da comunicação canina e tem vários significados, incluindo ser um aviso⚠️ . Damos-lhe um osso 🦴 (o que regra geral é extremamente valioso para um cão) e decidimos tirar-lho só para testar a sua reação. Ele rosna; nós dizemos “não faz isso, seu feio!☝️ ”; a nossa mão continua a avançar para o osso; ele continua a rosnar, mas desta vez a mostrar os dentes; numa fração de segundo pensamos “quem manda aqui sou eu, e não admito que me rosnes!”; olhamos fixamente para ele (uma ameaça para muitos cães) falamos-lhe num tom ameaçador e agarramos o osso; levamos uma dentada na mão.
  • 𝐀 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐟ú𝐫𝐢𝐚 𝐢𝐦𝐩𝐞𝐝𝐞-𝐧𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐫𝐞𝐚çã𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐝𝐨
    Chegamos a casa 🏠 , reparamos que o cão roeu o sofá e começamos a ralhar com ele 😠. Ele foge para debaixo de uma mesa, porque na realidade não entende que a nossa ira se deve ao sofá roído. Nesse momento, se olhássemos bem para ele iríamos ver que as suas orelhas estavam para trás e coladas à cabeça, e que a sua cauda estava entre as patas traseiras – sinais de medo 🥺. Mas como queremos que ele entenda que não pode roer o sofá e que isso só vai acontecer se for punido, tentamos agarrá-lo e puxá-lo cá para fora para continuarmos a ralhar (ou bater) até nos passar a fúria. Ao agarrá-lo, levamos uma dentada.
👉 É importante entendermos que qualquer ser pode reagir agressivamente, pois a agressividade é um mecanismo de defesa.
🧐 Existe sempre uma emoção que motiva o comportamento. 👨‍⚕️O neurocientista António Damásio comprovou, através de vários estudos, que a tomada de decisões é um processo emocional. Nesses estudos ele verificou que animais e pessoas com lesões na amígdala (parte do cérebro responsável pelas emoções) tinham grandes dificuldades ou eram incapazes de tomar decisões.
Portanto, quando um cão decide fazer seja o que for, há sempre uma emoção por trás dessa decisão. As emoções tipicamente associadas à decisão de agredir são: medo, stress, ansiedade, frustração. 🥺👹😟

Uma ou um conjunto dessas emoções vai estar sempre presente em situações em que o nosso cão já nos mordeu ou morde pela primeira vez, a não ser que:

a) alteremos o nosso comportamento, nomeadamente aprendendo a ler a sua linguagem corporal e a respeitar o seu espaço pessoal;
b) contemos com a ajuda de um profissional que nos ajude a alterar comportamentos que consideramos problemáticos.

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